Diante da alta nos preços de hotéis em Belém (PA), cidade-sede da 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP30), o governo federal, o governo do Pará e a Organização das Nações Unidas (ONU) estão discutindo alternativas para garantir hospedagem adequada aos participantes. A reunião oficial sobre o tema foi marcada para o próximo 11 de agosto, com presença do escritório da ONU para o Clima.
A Secretaria Extraordinária da COP30, vinculada à Casa Civil da Presidência da República, informou que o encontro tratará de acomodação, transporte, segurança, alimentação e outros pontos estruturais essenciais ao evento, que deve reunir cerca de 45 mil pessoas em novembro.
A principal preocupação é que os preços cobrados por hotéis e imóveis particulares — que já chegam a US$ 700 por noite — ultrapassem o auxílio oferecido pela ONU, de US$ 149 por dia, e acabem inviabilizando a participação de delegações dos países menos desenvolvidos.
Quartos reservados e planos em andamento
Atualmente, o Brasil já dispõe de 2,5 mil quartos com tarifas fixadas entre US$ 100 e US$ 600, organizados da seguinte forma:
15 quartos individuais por delegação, a preços entre US$ 100 e US$ 200, foram reservados para 73 países considerados de menor desenvolvimento (LDCs e PEIDs).
10 quartos individuais por delegação, com tarifas entre US$ 220 e US$ 600, foram destinados aos demais países.
Como alternativa, o governo anunciou o uso de dois navios de cruzeiro como hotéis flutuantes, que somam 3,9 mil cabines e capacidade para até 6 mil leitos, além da construção de três hotéis de alto padrão e parcerias com plataformas como Airbnb e Booking para ampliar a oferta.
Preocupação com impacto diplomático
A preocupação com os altos custos já foi externada por diversas delegações. O Grupo Africano de Negociadores, que se reuniu no último dia 29, manifestou receio de que a exclusão de países pobres possa afetar a representatividade da conferência.
Richard Muyungi, presidente do grupo, foi direto:
“Não estamos prontos para reduzir o número de participantes. O Brasil tem muitas opções para garantir uma boa COP. É por isso que estamos pressionando por soluções e não por restrições.”