Em uma medida que eleva as tensões diplomáticas entre Brasil e Estados Unidos, o presidente norte-americano Donald Trump assinou nesta quarta-feira (30), às 18h51, uma ordem executiva que impõe tarifa de 50% sobre produtos brasileiros. A nova taxação entra em vigor no próximo dia 6 de agosto, mas não atinge setores como o de aviões, minérios e suco de laranja.
Trump justificou a medida alegando “ameaças” do governo brasileiro à democracia, à liberdade de expressão e aos interesses americanos, mencionando diretamente o tratamento dado ao ex-presidente Jair Bolsonaro, a atuação do ministro Alexandre de Moraes e as regras brasileiras sobre plataformas digitais.
No texto da ordem, intitulado Enfrentando as ameaças aos Estados Unidos pelo governo do Brasil, Trump afirma que Bolsonaro é alvo de perseguição política no Brasil e critica sua condenação pelo Supremo Tribunal Federal (STF), chamando as acusações de “injustificadas”.
“A perseguição política, por meio de processos forjados, ameaça o desenvolvimento ordenado das instituições políticas, administrativas e econômicas do Brasil”, diz o documento. Segundo Trump, esse cenário mina a realização de uma eleição livre e justa em 2026 e representa um colapso do Estado de Direito.
O ministro Alexandre de Moraes também foi diretamente acusado de abusar de sua autoridade judicial, segundo Trump, para "alcançar oponentes políticos, proteger aliados corruptos e suprimir dissidências". O presidente dos EUA alega ainda que Moraes confiscou passaportes, prendeu cidadãos sem julgamento e aplicou multas indevidas a empresas que se recusaram a cumprir supostas ordens de censura.
Outro ponto sensível abordado foi o conflito envolvendo plataformas digitais americanas, como Twitter (X), Facebook e Google. Trump diz que o governo brasileiro teria emitido ordens que obrigaram empresas dos EUA a censurarem cidadãos norte-americanos e mudarem suas regras de moderação, o que, segundo ele, viola direitos humanos e interfere nos interesses americanos dentro e fora do país.
No Brasil, o debate sobre o papel das plataformas digitais cresceu após decisões do STF responsabilizarem empresas pelo conteúdo criminoso divulgado em suas redes. Entre os temas em discussão estão a pedofilia, apologia à violência escolar e ataques à democracia.